A presidente da Microsoft Brasil, Priscyla Laham, respondeu uma das perguntas mais recorrentes durante os quatro dias de Web Summit Rio 2025. Afinal, as ferramentas de inteligência artificial vão roubar nossos empregos?
"Os profissionais e as pessoas não vão ser substituídos por IA em seus empregos. Eles vão ser substituídos por outros profissionais que sabem utilizar a IA", respondeu Laham.
O g1 esteve no maior evento de tecnologia do mundo, que levou mais de 30 mil pessoas ao Riocentro, na Zona Oeste do Rio, entre domingo (27) e quarta-feira (30), e ouviu representantes de grandes empresas sobre o impacto da IA no mercado de trabalho.
A conclusão de todos segue a mesma linha: a tecnologia será fundamental para todos os setores da economia, mas não substituirá o ser humano em todas as suas funções.
Para Maren Lau, vice-presidente regional da Meta para a América Latina, a IA representa uma revolução e abre um mundo de novas possibilidades.
"A tecnologia em si é incrível, mas a grande maravilha é o que você, o que nós, o que o mundo vai fazer com ela. Abrir a IA para o mundo cria oportunidades para todos nós. Então vamos poder sonhar mais alto", disse Maren Lau.
Apesar de tantas novidades e dúvidas surgindo ao mesmo tempo, Márcio Aguiar, diretor-executivo da Nvidia, umas das gigantes do Vale do Silício, garante que as pessoas não precisam se desesperar. Para ele, o momento é de aprendizado.
"É só o início. Se você não fez nada e acha que está super atrasado, não é verdade. Estamos só no início do ponto de inflexão da IA. Tem muito ainda a ser feito", comentou.
"Se vocês ainda não começaram sua jornada e têm duvidas de como aplicar a IA no seu negócio, eu quero te tranquilizar. Isso é normal. Vamos chegar todos nesse ponto de inflexão", completou Aguiar.
Segundo Chris Stephens, CTO de campo da Groq, as previsões que indicam um cenário apocalíptico de dominação das máquinas devem ficar apenas nos filmes de ficção cientifica. Ele aponta a tecnologia como grande aliado do ser humano em qualquer área.
"Eu costumo ser uma pessoa bastante otimista, apesar de ser da geração X. Pelo que eu entendo, todos os avanços tecnológicos da história, como a agricultura e outros avanços, sempre no final das contas tivemos um efeito líquido positivo para o mundo. Estou otimista para que isso aconteça agora novamente."
O especialista, porém, acredita que o problema atual com a IA é a velocidade das inovações. Na opinião dele, as pessoas precisam se qualificar para esse novo mundo.
"Agora a velocidade será bem diferente, e é importante observar isso. A IA vai mudar praticamente tudo. Não sei se alguém aqui viveu a época antes da internet, e como a vida era em comparação com a vida de hoje. É esse tipo de revolução que estamos vivendo. E tem outras coisas que nem sabemos como seremos impactados", analisou o executivo da Groq.
Google libera nova IA que gera vídeos a partir de textos
Durante o Web Summit, o mantra repetido a todo momento é sobre a necessidade de aprendizado. Segundo os especialistas, não importa a área de atuação, todos vão precisar se alfabetizar em IA para não ficarem ultrapassados.
A definição de alfabetização em IA pode ser resumida pela capacidade de compreender vários aspectos da inteligência artificial, incluindo seus recursos, limitações e considerações éticas. A IBM é uma das empresas que oferece cursos de aprimoramento em IA, como anunciou durante o Web Summit.
"A gente precisa levar em consideração essa jornada de alfabetização. Todos precisam ter. A alfabetização em IA é grande parte do que fazemos. Cursos, ciência de dados, ética no uso de IA. (...) Esses são os cursos que oferecemos para todos", disse Justina Nixon-Saintil, diretora de impacto da IBM.
"É importante usar a IA para fazer trabalhos que podem ser automatizados e deixar os seres humanos com as atividades mais criativas. Como trabalhar junto com a IA para fazer o que você precisa? Como usar os pedidos certos para ela fazer o que eu você quer? Isso vai aumentar o impacto econômico das empresas", completou Justina.
O Web Summit 2025 deve injetar mais de R$ 170 milhões na economia da cidade, segundo a Prefeitura do Rio. — Foto: Divulgação
Para Márcio Aguiar, diretor-executivo Nvidia, as grandes empresas já estão buscando maneiras de qualificar seus funcionários. Contudo, ele alerta para a importância de as empresas entenderem como usar essas novas ferramentas.
"A alfabetização em IA tem acontecido nas grandes empresas. A pergunta é o que significa para o meu trabalho ter um gerador de imagens ou outros sistemas. Ele não veio para me substituir e sim para tornar o meu trabalho ainda melhor", orientou o executivo.
Já Chris Stephens, da Groq, lembrou de como era o mundo antes do lançamento do ChatGPT, que ampliou a utilização de IA generativa no planeta.
"No dia 29 de novembro de 2022, antes do ChatGPT, as pessoas não pesavam nisso. Mas no dia seguinte apareceu uma nova era. As pessoas e as máquinas estão aprendendo. Agora, dois ou três anos depois, todo mundo está trabalhando nessas áreas. Precisamos ampliar essa competência mesmo nas equipes mais tradicionais", reforçou o executivo da Groq.