Sol é a nossa estrela mais próxima, provedora de vida e pode potencialmente interromper os modernos sistemas de energia em terra e no espaço. Por isso, é fundamental entender como ele funciona e aprender a prever seu comportamento."
Da Terra, o Sol é tão brilhante que parece um disco homogêneo.
Mas, usando diferentes frequências e filtros especiais, os cientistas podem observá-lo na sua forma verdadeira: uma bola de fluido dinâmica, com campos magnéticos que se contorcem, aparecem na superfície e conjuram chamas e círculos de gás na sua atmosfera.
São estes campos magnéticos que determinam quando o Sol se enfurece e lança partículas em direção à Terra.
Os cientistas sabem que o Sol tem um período de baixa atividade, quando os campos magnéticos ficam ordenados e os polos magnéticos norte e sul são fixos.
Nesta fase, o Sol não consegue produzir explosões violentas. Mas estes campos ficam complexos e caóticos quando se reorientam, durante a inversão dos polos norte e sul que acontece aproximadamente a cada 11 anos.
Durante o período caótico, o Sol tenta reduzir sua complexidade e surgem violentas erupções, que lançam pedaços do Sol em direção à Terra.
Estas tempestades solares podem danificar os satélites de comunicação e as redes de eletricidade. Por outro lado, elas também podem gerar belas auroras no céu do nosso planeta.
A professora Lucie Green, do University College de Londres, afirma que é difícil prever esta atividade com modelos computadorizados do Sol porque não existem dados sobre a migração dos campos magnéticos em direção aos polos. Mas, agora, isso mudou.
"Agora, temos a peça do quebra-cabeça que faltava", contou ela à BBC News.
"A reversão dos campos magnéticos polares do Sol é uma das grandes questões em aberto da ciência", explica a professora. "E o que poderemos fazer com o Solar Orbiter é medir, pela primeira vez, os fluxos de fluido realmente importantes, que arrancam pedaços do campo magnético do Sol e os transportam para as regiões polares.
O objetivo é desenvolver modelos computadorizados do Sol, para poder prever o chamado clima espacial.
Previsões precisas irão permitir que operadores de satélites, companhias de distribuição de energia e observadores das aurora planejem melhor as intensas tempestades solares.
"Este é o Santo Graal da física solar", segundo o professor Christopher Owen, especializado nos estudos do vento solar usando dados da espaçonave.
"O Solar Orbiter nos permitirá chegar ao fundo de parte da ciência básica do clima espacial. Mas é preciso trabalhar um pouco mais para chegarmos ao ponto de observar sinais solares confiáveis para prevermos as erupções que poderão atingir a Terra."
O Solar Orbiter também capturou novas imagens de elementos químicos em diferentes camadas do Sol e seu movimento.
Elas foram tiradas utilizando um instrumento chamado SPICE, que mede as frequências específicas de luz, chamadas linhas espectrais. Elas são emitidas por elementos químicos específicos – hidrogênio, carbono, oxigênio, neônio e magnésio – sob temperaturas conhecidas.
Pela primeira vez, a equipe do SPICE rastreou linhas espectrais para medir a velocidade de movimentação de blocos de material solar. Estas medições podem revelar como o Sol emite essas partículas na forma de vento solar. BBC