
Mouses podem ser usados por hackers para gravar tudo o que você diz perto do computador sem nem mesmo precisar de um microfone, apontou uma pesquisa da Universidade da Califórnia, em Irvine.
Segundo o estudo, mouses mais avançados podem captar vibrações emitidas pela fala por meio de seus sensores ópticos e transmiti-las para terceiros, que converteriam o material em áudio.
Sensores ópticos de mouses são usados para movimentar o ponteiro na tela, mas, neste caso, seriam usados como um espião capaz de ouvir conversas particulares. Hacker poderiam usá-los para captar informações confidenciais de empresas ou chantagear pessoas, por exemplo.
Batizada de Mic-E-Mouse (em trocadilho com o personagem Mickey Mouse), a técnica foi aplicada em laboratório. Não há referências de que ataques desse tipo tenham sido realizados na prática.
Os pesquisadores apontaram que hackers poderiam ouvir o que foi dito se fizessem o mouse transmitir sinais coletados e, depois, realizassem a limpeza do sinal e a conversão para áudio.
Mas eles destacam que os resultados são melhores nas condições ideais, o que nem sempre pode ser reproduzido na vida real. Para funcionar como um espião, o mouse precisa:
Os mouses que podem ser alvo desse ataque são voltados para games e custam a partir de R$ 200 no Brasil.
Além disso, a conversa gravada pelo dispositivo deve ter um volume adequado, de 60 a 80 decibéis, o que cobre conversas típicas no escritório ou em casa.
Ainda segundo pesquisadores, a vibração captada pelo mouse tem baixa qualidade. Para resolver isso, hackers precisariam filtrar os sinais e convertê-los de volta em ondas sonoras.
"Os ruídos têm características específicas, estão em outras frequências. Há filtros que eliminam frequências mais baixas e mais altas, tiram o chiado e ficam com os picos [de ondas sonoras]", explicou Guilherme Neves, professor de cibersegurança da faculdade Ibmec.
"Esse pico é colocado em um algoritmo e será interpretado como um fonema, isto é, alguma coisa que a pessoa está falando".
Os pesquisadores da Universidade da Califórnia apontaram que a possibilidade de um ataque por meio do mouse é um exemplo de como a disseminação de dispositivos de alta qualidade e baixo custo é boa para usuários, mas pode trazer riscos.
"Câmeras, relógios inteligentes, carros e um mundo de sensores e dispositivos mandam informações para a nuvem e podem ser subvertidos para vazar dados. Há muitos pontos de vulnerabilidade", disse Cleórbete Santos, professor de Computação da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
"Quanto mais dispositivos colocamos ao nosso redor, mais estamos aumentando a superfície de ataque e mais poderemos ser atacados", afirmou.
Por Victor Hugo Silva, g1