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A íntima relação entre PCC, FDN e os cartéis da Colômbia

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Entenda a disputa entre o PCC e a FDN pelo escoamento da droga produzida na Colômbia
Por Martha Elvira Soto F.
Exército brasileiro em operação conjunta na fronteira com Colômbia e Peru: facções como o PCC e a FDN escoam 35% do mercado colombiano de drogas (Bruno Kelly/Reuters)

Reportagem publicada originalmente em EXAME Hoje, app disponível na App Store e no Google Play. Para ler esta reportagem antecipadamente, assine EXAME Hoje.

BOGOTÁ — O massacre de detentos no presídio de Boa Vista, em Roraima, na madrugada do dia 6, foi seguido com atenção em Cali, Medelín, Leticia e Puerto Asís. Nessas cidades colombianas operam poderosas estruturas criminosas que trabalham em conjunto com a Família do Norte (FDN) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), as duas facções que se enfrentaram em Boa Vista e que já haviam protagonizado um sangrento massacre no dia primeiro, em Manaus.
Nos dois motins morreram decapitados ou queimados vários personagens conhecidos deste lado da fronteira por trabalhar para os contatos brasileiros dos carteis Oficina de Envigado e Cartel do Golfo, também conhecido como Os Urabeños, duas das mais antigas e poderosas organizações do narcotráfico na Colômbia. Além disso, esses grupos têm contato com dissidências criminosas das Farc (as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e com o grupo denominado Os Caqueteños. Calcula-se que, em conjunto com esses grupos, facções brasileiras como o PCC e a FDN escoem 35% do mercado colombiano de drogas.
Os Caqueteños, segundo a polícia colombiana, é uma organização criminosa emergente que controla, junto com a FDN, o tráfico de drogas por toda a fronteira terrestre e fluvial entre o Brasil, o Peru e a Colômbia. Seu novo líder é um criminoso conhecido como Memo. “Calculamos que, a cada 20 dias, são entregues à FDN cerca de 600 quilos de droga, o que dá umas 11 toneladas de cocaína por ano”, revelou na terça-feira um oficial da Dijín, a polícia federal colombiana. O fornecimento de coca pode ter aumentado recentemente devido ao fim na pulverização aérea de plantações de coca com glifosato (uma substância química usada para destruir os cultivos), determinado pelo governo em 2015.
Segundo o oficial colombiano, os Caqueteños buscam a pasta de coca no estado de Putumayo, na fronteira com o Equador, e repassam a laboratórios de refino no Peru, protegidos pelo braço militar do grupo, armado com fuzis AK-47. Depois de processada, a droga é enviada ao Brasil por meio de lanchas rápidas, pelos rios Putumayo e Amazonas. Os barcos também são carregados com generosos volumes de maconha.
“Com a coca, os colombianos ganham 101% e, com a maconha, 250%. Um quilo de erva, que é trazido do estado de Cauca [perto de Cali], vale cerca de 6.000 reais se é do tipo cripy [a mais valiosa]”, adiciona o oficial, que assegurou que, por meio de agentes de campo, a Polícia confirmou a ligação dos massacres nos presídios brasileiros com a disputa pelo controle deste mercado.
No final de 2014, a procuradoria colombiana identificou Luiz Antonio Ávila Arbeláez como um dos líderes dos Caqueteños. Outro líder, conhecido como “La Firma”, foi considerado morto, enquanto “Carlos Verde” foi preso no Peru.
Mas a cúpula da organização foi recomposta e, em 2015, foi classificada pela polícia federal colombiana como uma das organizações criminosas que controlam o crime no país. Segundo documentos oficiais, além de sócia das facções brasileiras, é a dona do mercado de narcotráfico nos estados de Caquetá, Hila, Putumayo e na Amazônia, onde também extorquem comerciantes e cometem crimes sob encomenda. Além disso, para a polícia, esse grupo é um potencial receptor de desertores ou dissidentes das Farc, após o acordo de paz firmado com o governo Juan Manuel Santos.
As cidades de Manaus, no Brasil, Tarapacá e Leticia, na Colômbia, são os principais centro de estocagem dos carregamentos dos Caquetenõs. Dali, a FDN se encarrega de enviá-los para a Europa, onde o valor de mercado sobe cinco vezes, deixando ainda uma grande reserva para o consumo interno do Brasil, o quinto maior mercado (de drogas) do mundo. Sobre o tema, agentes federais dos Estados Unidos asseguraram à reportagem que o Brasil é a principal rota para inundar os mercados da Europa, sendo o Suriname uma de suas escalas. A droga segue para o velho continente por contêineres e também escondida em aviões.
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O grande sócio
Se a FDN controla o tráfico pela fronteira terrestre e fluvial, a maior fatia do mercado colombiano de coca está nas mãos do PCC, a poderosa organização criminosa que opera em São Paulo e tem ramificações no Peru, no Paraguai, na Colômbia e na Bolívia. O PCC utiliza aviões e rotas alternativas para inundar o mercado brasileiro, como via Equador e outros países latinos, como o Paraguai. Na Colômbia seus sócios são a Oficina de Envigado e o Cartel do Golfo, e também com células narcotraficantes das Farc.
A disputa por esse gordo mercado foi um dos detonadores dos massacres em Manaus e Boa Vista. O PCC quer controlar o fornecimento derrubando seu rival, o Comando Vermelho, aliado da Família do Norte. Vladimir Aras, secretário de cooperação internacional da Procuradoria da República no Brasil admitiu ao jornal Folha de S. Paulo que o massacre nas prisões teria relação com os planos expansionistas do PCC e sua intenção de ocupar os espaços que estão sendo deixados pelo desmantelamento das Farc.
Autoridades locais e dos Estados Unidos asseguram que o PCC trabalha com os carteis colombianos desde os anos 90 e conquistou sua fidelidade oferecendo segurança a vários de seus líderes. Isso explicaria as capturas no Brasil de Juan Carlos Rodríguez Abadía, conhecido como “Chupeta”, membro do cartel “Norte del Valle”, capturado em 2007; Ramón Caro Chaparro, o “Felipe”, do cartel “Los Llanos”, que foi preso em 2010; e de Jhon Freddy Manco Torres, antigo líder da Oficina de Envigado, capturado em 2013. Em 2014, foram presos Marcos Figueroa, o “Marquitos”, dos carteis de La Guajira e, em 2016, Eduard Fernando Giraldo Cardoza, conhecido como “Boliqueso”, vinculado com os Urabeños.
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Em 2001 o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, tratou de revelar os alcances das Farc no mundo dos cartéis. Ele afirmou que as Farc recebiam 10 milhões de dólares por mês pelos carregamentos que enviava ou que deixava passar pelos territórios que dominava. Após a deposição das armas, parte de seu lucrativo negócio ficará nas mãos de guerrilheiros dissidentes ou de grupos criminosos que começaram a ocupar os espaços deixados pelos guerrilheiros.
Na Colômbia se difundiu a mesma informação revelada esta semana pela Procuradoria do Brasil, segundo a qual o narcotraficante Nelson Flores Collantes, capturado em 2015 no Peru, era o representante das Farc no tráfico de drogas no Brasil.Seu sucessor, também de nacionalidade peruana, herdou os contatos nos dois lados da fronteira, especialmente com o grupo Frente Primero, das Farc, um dos primeiros a se declarar dissidente em meio ao processo de paz.
Com mais de 120 homens armados, esse grupo trafica muito perto da fronteira com o Brasil e controla rotas de exportação pela Venezuela. Tem um papel chave no controle de plantações, rotas e fabricação de drogas cujos lucros serviram, durante décadas, para comprar armas e financiar outras frentes das Farc.
A eles se uniu Géner García Molina, conhecido como “John 40”, chefe da frente 43, que herdou o grupo criminoso de seu companheiro Tomás Medina Caracas, o famoso “Negro Acacio”. Este último, morto em um bombardeio em 2007, tinha como aliado o brasileiro Fernandinho Beira-Mar, capturado em um acampamento de guerrilheiros em 2001.
A informação mais recente sobre “John 40” afirma que ele foi ferido em combates com o exército, em 2010. Depois, foi preso como castigo por gastar o dinheiro do narcotráfico com mulheres, bebidas, fumo, cavalos de raça e propriedades em nomes de laranjas. Mas 40, amante dos luxos e da música, voltou a controlar o envio de coca por rotas que saem da Venezuela. Além disso, segue trabalhando em sociedade com os herdeiros do chefão colombiano Daniel “El Loco” Barrera, extraditado para os Estados Unidos, que têm grande participação região produtora de Guaviare e Meta, no centro da Colômbia.
Os outros quatro guerrilheiros dissidentes das Farc também são ligados ao narcotráfico: Miguel Botache Santillana, o “Gentil Duarte”, Euclides Mora, Giovanny Chuspas y Julián Chollo. “Vamos persegui-los, porque o processo de paz é sério para quem está participando. Quem ficar de fora vai sentir o poder das forças de segurança”, advertiu, no dia 14 de dezembro, o ministro colombiano da Defesa, Luis Carlos Villegas.
Não se descarta que, depois de terem sido declarados como alvos prioritários para as Forças Armadas colombianas, alguns deles estejam em busca de refúgio no Brasil, se é que já não estão no país. Já foi pedido à Interpol que os considere procurados. O tráfico entre Brasil e Colômbia está mais integrado do que nunca. Manaus e Boa Vista, ao menos, trouxeram esse problema à tona.
Martha Elvira Soto F. é editora da unidade investigativa do jornal colombiano El Tiempo
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