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Faz bem tomar vinho? Entenda como a bebida pode ajudar as ‘bactérias do bem’ que temos no intestino

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Vinho tinto possui um componente que é capaz de melhorar a qualidade da microbiota intestinal, que está relacionada com o desenvolvimento de doenças como diabetes, obesidade e problemas cardiovasculares.

Por Júlia Putini, g1

Um estudo do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (InCor) aponta que o consumo moderado de vinho tinto ajuda a regular a microbiota intestinal, um grupo de trilhões de bactérias que temos no intestino.

A microbiota está diretamente associada a doenças como obesidade, diabetes mellitus tipo 2, acúmulo de gordura no fígado e doenças cardiovasculares. Portanto, a qualidade dela pode ser um dos fatores que influenciam a evitar problemas de saúde.

Ao g1, dois cardiologistas responsáveis pelo estudo, Elisa Haas e Protásio Lemos, afirmaram que o maior achado da pesquisa é que a microbiota pode se beneficiar da mudança no consumo de alimentos e bebidas.

Ecossistema de bactérias

«Hoje a gente entende que ela (a microbiota) tem um papel quase como um novo órgão endócrino conversando com o corpo. Existem perfis bacterianos associadas às doenças», ressalta Elisa.

Isso acontece porque a microbiota é capaz de produzir substâncias que podem ser maléficas ou benéficas, uma vez que o comportamento e alimentação influenciam nas reações bacterianas.

Para compreender melhor, é preciso pensar a microbiota como um ecossistema. Na natureza, ecossistemas diversos são mais saudáveis. A médica faz uma metáfora com o tema e aponta que, da mesma maneira que o meio ambiente vêm sendo alvo do desmatamento, acredita-se que o corpo humano também passa por processo de «empobrecimento» da nossa «floresta interna».

  • A microbiota é adquirida pela via de parto (normal ou cesariano) e diversos fatores influenciam seu desenvolvimento ao longo dos anos.
  • Pessoas que vivem no campo tem uma microbiota mais diversa do que as que vivem na cidade, assim como as pessoas que têm cachorro também apresentam maior diversidade do que aquelas que não têm.

250 ml de vinho e melhora na microbiota

Os pesquisadores escolheram o vinho tinto porque ele tem um conteúdo maior de polifenóis, o que pode ter um impacto benéfico em diversos mecanismos no corpo humano.

Veja mais detalhes sobre o estudo:

  • Foi feito com um grupo de 42 voluntários homens, com mais de 60 anos;
  • Voluntários tinham histórico de doença cardíaca (infarto, cateterismo, cirurgia de ponte de safena, doença carótida, doença arterial periférica e acidente vascular cerebral);
  • Para a pesquisa, cada um deles bebeu 250 ml de vinho tinto diariamente durante 5 dias, por 3 semanas.
  • Depois, eles passaram por um período igual de abstenção de álcool, ambos precedidos por um período de dieta controle de duas semanas.
  • A pausa serviu para comparar as análises biológicas dos participantes antes, durante e depois do consumo da bebida.

O resultado, explica Elisa Haas, cardiologista e uma das autoras do estudo, mostrou melhoria na microbiota intestinal e modificações no sangue relacionadas a melhor metabolismo energético e antioxidante.

O cardiologista e pesquisador sênior do InCor, Protásio Lemos, ressalta que os polifenóis do vinho tinto têm vários efeitos importantes em relação a circulação.

«Uma das coisas é que são vasodilatadores arteriais. Isso é muito importante porque a circulação do sangue depende muito da chamada motilidade da parede arterial. Além disso, participam naturalmente do processo de evitar hemorragia e são antioxidantes», diz.

Publicado na revista The American Journal of Clinical Nutrition, a pesquisa ‘WineFlora Study’ contou com a participação de especialistas da Escola de Medicina de Harvard (EUA), da Universidade de Verona (Itália), do Instituto Austríaco de Tecnologia, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da Universidade de São Paulo e da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília.

Melhoras na microbiota intestinal

«O vinho tinto tem um conteúdo muito maior de polifenóis, uma categoria de substância que existe em diversos alimentos. Esse componente é produzido pelas plantas e pelas frutas como uma defesa às agressões e se acredita que por isso ele pode ter efeitos benéficos quando ingerido», afirma Elisa.

  • Como os polifenóis não são absorvidos pelo trato digestivo (estômago), eles chegam no intestino de uma forma mais íntegra, funcionando como as fibras.
  • Isso leva os pesquisadores a crerem que ele pode ter um comportamento parecido com o dos probióticos, que ajudam a equilibrar as bactérias presentes no intestino.

Microbiota e imunidade

O sistema imunológico é muito mais robusto em torno do intestino, e durante o amadurecimento do indivíduo se sabe que a microbiota «adestra» o sistema imunológico, que, por sua vez, vai se comunicar com o sistema nervoso central.

Ou seja, a hipótese é de que uma microbiota saudável ajude a treinar o sistema imunológico a reconhecer patógenos e a tolerá-los ao longo da vida.

A dieta ocidental, de maneira geral, tem um consumo muito baixo de fibra, e esse é um dos efeitos mais prejudiciais para a microbiota intestinal.

— Elisa Haas, cardiologista doutora pelo InCor e autora do estudo

Polifenóis

Para manter a regulação da microbiota, é necessário manter uma dieta rica em polifenóis, que também podem ser encontrados em vegetais e frutas, especialmente os que tem cores escuras, como a ameixa.

Para tratar pacientes que usam antibiótico a longo prazo também são usados medicamentos para repor a flora intestinal, caso contrário se cria um problema.

— Protásio Lemos, cardiologista e pesquisador sênior do InCor

Para manter os benefícios da ingestão de vinho, que é uma bebida alcoólica, é preciso conservar a quantidade máxima de 30 gramas diários.

Para efeito de comparação, cada drinque tem 12,5 gramas de álcool. Lemos explica que, ao tomar dois cálices de vinho, a quantidade de álcool é inferior a máxima recomendada. Isso reflete os resultados dos estudos, que demostram que os possíveis efeitos benéficos acontecem em doses moderadas a baixas.

«Quando as doses ultrapassam isso, aumenta a incidência de cancer e mortalidade por acidentes», finaliza o médico.

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